sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Alma do Mundo



Quando você conseguir superar graves problemas , não se detenha nas lembranças de momentos difíceis, mas na alegria de haver atravessado mais essa prova em sua vida.
Quando sair de um longo tratamento de saúde, não pense no sofrimento que foi necessário enfrentar, mas na bênção de Deus que permitiu a cura.
Leve na sua memória, para o resto da vida, as coisas boas que surgiram nas dificuldades.
Elas serão uma prova de sua capacidade e lhe darão confiança diante de qualquer obstáculo.
Uns queriam um emprego melhor;
Outro, queriam só um emprego.
Uns queriam uma refeição mais farta;
Outros, queriam só uma refeição.
Uns queriam uma vida mais amena;
Outros, queriam apenas viver.
Uns queriam pais mais esclarecidos;
Outros, queriam ter pais.
Uns queriam ter olhos claros;
Outros, queriam enxergar.
Uns queriam ter voz bonita;
Outros, queriam falar.
Uns queriam silêncio;
Outros, queriam ouvir.
Uns queriam sapatos novos;
Outros, queriam ter pés.
Uns queriam um carro;
Outros, queriam andar.
Uns queriam o supérfluo;
Outros, queriam apenas o necessário.
Há dois tipos de sabedoria:
A sabedoria Inferior e a sabedoria superior.
A sabedoria inferior é dada pelo quanto uma pessoa sabe,
A sabedoria superior é dada pelo quanto ela tem consciência de que não sabe.
Tenha a sabedoria superior.
Seja um eterno aprendiz na escola da vida.
A sabedoria superior, tolera, a inferior, julga;
A superior alivia, a inferior, culpa;
A superior, perdoa, a inferior, condena.
há cosias que o coração só fala para quem sabe escutar!

Chico Xavier

Ametista




A arte de resolver conflitos






"O ser humano deve desenvolver, para todos os seus conflitos, um método que rejeite a vingança, a agressão e a retaliação. A base para esse tipo de método é o amor."
(Martin Luther King)

A arte de resolver conflitos

O trem atravessava sacolejando os subúrbios de Tóquio numa modorrenta tarde de primavera.

Um dos vagões estava quase vazio: apenas algumas mulheres e idosos e um jovem lutador de Aikidô. O jovem olhava, distraído, pela janela, a monotonia das casas sempre iguais e dos arbustos cobertos de poeira.

Chegando a uma estação as portas se abriram e, de repente, a quietude foi rompida por um homem que entrou cambaleando, gritando com violência palavras sem nexo.

Era um homem forte, com roupas de operário. Estava bêbado e imundo. Aos berros, empurrou uma mulher que carregava um bebê ao colo e ela caiu sobre uma poltrona vazia. Felizmente nada aconteceu ao bebê.

O operário furioso agarrou a haste de metal no meio do vagão e tentou arranca-la. Dava para ver que uma das suas mãos estava ferida e sangrava.

O trem seguiu em frente, com os passageiros paralisados de medo e o jovem se levantou. O lutador estava em excelente forma física. Treinava oito horas todos os dias, há quase três anos.

Gostava de lutar e se considerava bom de briga. O problema é que suas habilidades marciais nunca haviam sido testadas em um combate de verdade. Os alunos são proibidos de lutar, pois sabem que Aikidô "é a arte da reconciliação. Aquele cuja mente deseja brigar perdeu o elo com o universo.

Por isso o jovem sempre evitava envolver-se em brigas, mas no fundo do coração, porém, desejava uma oportunidade legítima em que pudesse salvar os inocentes, destruindo os culpados.

Chegou o dia! Pensou consigo mesmo. Há pessoas correndo perigo e se eu não fizer alguma coisa é bem possível que elas acabem se ferindo.

O jovem se levantou e o bêbado percebeu a chance de canalizar sua ira.

Ah! Rugiu ele. Um valentão! Você está precisando de uma lição de boas maneiras!

O jovem lançou-lhe um olhar de desprezo. Pretendia acabar com a sua raça, mas precisava esperar que ele o agredisse primeiro, por isso o provocou de forma insolente.

Agora chega! Gritou o bêbado. Você vai levar uma lição. E se preparou para atacar.

Mas, antes que ele pudesse se mexer, alguém deu um grito: Hei!

O jovem e o bêbado olharam para um velhinho japonês que estava sentado em um dos bancos. Aquele minúsculo senhor vestia um quimono impecável e devia ter mais de setenta anos...

Não deu a menor atenção ao jovem, mas sorriu com alegria para o operário, como se tivesse um importante segredo para lhe contar.

Venha aqui disse o velhinho, num tom coloquial e amistoso. Venha conversar comigo insistiu, chamando-o com um aceno de mão.

O homenzarrão obedeceu, mas perguntou com aspereza: por que diabos vou conversar com você?

O velhinho continuou sorrindo. O que você andou bebendo? Perguntou, com olhar interessado.

Saquê rosnou de volta o operário e não é da sua conta!

Com muita ternura, o velhinho começou a falar da sua vida, do afecto que sentia pela esposa, das noites que sentavam num velho banco de madeira, no jardim, um ao lado do outro. Ficamos olhando o pôr-do-Sol e vendo como vai indo o nosso caquizeiro, comentou o velho mestre.

Pouco a pouco o operário foi relaxando e disse: é, é bom. Eu também gosto de caqui...

São deliciosos concordou o velho, sorrindo. E tenho certeza de que você também tem uma óptima esposa.

Não, falou o operário. Minha esposa morreu.

Suavemente, acompanhando o balanço do trem, aquele homenzarrão começou a chorar.

Eu não tenho esposa, não tenho casa, não tenho emprego. Eu só tenho vergonha de mim mesmo.

Lágrimas escorriam pelo seu rosto.

E o jovem estava lá, com toda sua inocência juvenil, com toda a sua vontade de tornar o mundo melhor para se viver, sentindo-se, de repente, o pior dos homens.

O trem chegou à estação e o jovem desceu. Voltou-se para dar uma última olhada. O operário escarrapachara-se no banco e deitara a cabeça no colo do velhinho, que afagava com ternura seus cabelos emaranhados e sebosos.

Enquanto o trem se afastava, o jovem ficou meditando...

O que pretendia resolver pela força foi alcançado com algumas palavras meigas.

E aprendeu, através de uma lição viva, a arte de resolver conflitos.


Ametista


Autor: Equipe de Redacção do Momento Espírita, adaptação de conto do livro "Histórias da alma, histórias do coração", Editora Pioneira.