Este é um assunto do qual posso falar na 1ª pessoa, pois, vivi experiências com inundações quando ainda era uma criança e que até hoje, lembro de tudo que vi e passei naquela época.
O rio que banhava a minha cidade de uma hora para outra começou a encher, encher, encher!
Era época de grandes chuvas e um açude que ficava na mesma região sangrava e estava em perigo de arrombamento.
Todas as pessoas das cidades vizinhas foram advertidas a abandonarem suas casas, pois, o perigo estava a caminho.
Nem todos estavam de acordo em obedecer os avisos dados pelas autoridades locais através das rádios e cada hora percebia-se que as águas do rio subiam com intensidade. Aviões do exercito sobrevoavam as localidades em perigo e mandavam para baixo panfletos a pedir as pessoas que se retirassem de suas casas com urgência. Enquanto isso, as águas começavam a alcançar as primeiras residências, o tal açude havia arrombado...
Os proprietários de casas maiores ajudavam os vizinhos a guardarem seus pertences em sótão.
Lembro-me bem que toda a minha família ficou separada por longos dias, uns para um lado, outros para outro lado com diferentes famílias...
Minha mãe foi uma verdadeira heroína ajudando a todos que precisavam naquele momento difícil, só deixou sua casa , juntamente com uma família amiga no último momento, depois de haver ajudado a muitos salvarem seus pertences, pois, a nossa casa era grande, alta e com um grande sótão, então, foi aí que viu que já só podia sair de casa de canoa, e foi assim que juntamente com os amigos saíram para um lugar mais alto. Encontramo-nos vários dias depois numa pequena casa num local de maior altitude. Não sei por quanto dias ficamos por lá e muito menos sei quantas pessoas haviam naquela pequena casa onde permanecíamos juntamente com animais salvos das águas do rio.
Houve de tudo um pouco: mulher grávida que com o medo, stress e falta de médicos, teve o seu filho prematuro sem chegar a viver, criança pequena que pelas consequências das enchentes não sobreviveu a uma doença qualquer, um locutor de rádio, que de tanto falar a advertir as pessoas durante dias sem dormir entrara em estado de choque e teve que ser levado pelas autoridades locais para tratamento, enfim, um pesadelo.
O Governo disponibilizou alimento, água, medicamento e cobertores, tudo organizado e entregue pelo exército.
No final, todos retornaram às suas casas, embora muitos só tenham encontrado as ruínas, perderam tudo, tiveram que recomeçar do ZERO.
De imediatoseguiram-se as campanhas de vacinação contra nem sei a que, mas fui vacinada, cheia de medo da picada.
Vejo agora a situação do povo de Santa Catarina e sinto o que eles estão a sentir neste momento porque já vivi o mesmo, embora com uma diferença: Quando se é criança, tudo é festa, até mesmo ter que sair de casa a nadar ou retirado pelo SOS. Sei como é difícil recomeçar e mais difícil ainda é superar a dor de perder um familiar ou mesmo a família toda.
FORÇA POVO CATARINENSE! Não percam a esperança nem a coragem, com a ajuda do povo, Blumenau, Itajaí... santa Catarina voltará á normalidade.
Ametista
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