Trazendo uma borboleta,Volta Alfredo para casa.Como é linda! é toda preta,Com listas douradas na asa.Tonta, nas mãos da criança,Batendo as asas, num susto,Quer fugir, porfia, cansa,E treme, e respira a custo.Contente, o menino grita:"É a primeira que apanho,"Mamãe! vê como é bonita!"Que cores e que tamanho!"Como voava no mato!"Vou sem demora pregá-la"Por baixo do meu retrato,"Numa parede da sala".Mas a mamãe, com carinho,Lhe diz: "Que mal te fazia,"Meu filho, esse animalzinho,"Que livre e alegre vivia?"Solta essa pobre coitada!"Larga-lhe as asas, Alfredo!"Vê com treme assustada . . ."Vê como treme de medo . . ."Para sem pena espetá-la"Numa parede, menino,"É necessário matá-la:"Queres ser um assassino?"Pensa Alfredo . . . E, de repente,Solta a borboleta . . . E ela Abre as asas livremente,E foge pela janela."Assim, meu filho! perdeste"A borboleta dourada,"Porém na estima cresceste"De tua mãe adorada . . ."Que cada um cumpra sua sorte"Das mãos de Deus recebida:"Pois só pode dar a Morte"Aquele que dá a Vida!"
Olavo Bilac
Ametista
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